Queridos
irmãos e irmãs que nos acompanham através desse blog, nosso desejo é ajudá-los
a vivenciar esse ano da Misericórdia partilhando com vocês alguns artigos
inspirados no material que o Conselho Pontifício da Nova Evangelização preparou
esse ano em que foi publicado conjuntamente pela Paulus e Paulinas. São oito
livros com temáticas diferentes cujas ideias principais ou linhas de reflexão
partilharemos com vocês.
Nós
já trabalhamos a Bula papal em nossos encontros de formação no ano anterior,
por isso o nosso primeiro texto a ser partilhado é uma síntese da mesma para
situar-nos no contexto do convite feito pelo Santo Padre. Certamente há outros
subsídios na internet que podem também ser interessantes. A nossa humilde
contribuição quer apenas situar-nos no contexto desse ano jubilar. Bom proveito!
Pe.
João Bosco Vieira Leite.
TEXTO 01
Síntese da Bula de convocação do Jubileu
Extraordinário da Misericórdia
Vaticano, 11 de abril de 2015
Vaticano, 11 de abril de 2015
Boletim
da Santa Sé
Tradução: André Cunha
Tradução: André Cunha
A Bula de convocação do Jubileu
Extraordinário da Misericórdia intitulada “vultus Misericordiae”
se compõe de 25 números. O Papa Francisco descreve as principais
características da misericórdia, definindo o tema, antes de tudo, à luz do
rosto de Cristo. A misericórdia não é uma palavra abstrata, mas um rosto para
reconhecer, contemplar e servir. A Bula se desenvolve em chave trinitária
(número 6-9) e se estende na descrição da Igreja como um sinal visível da
misericórdia: “A misericórdia é a viga mestra que sustenta a vida da Igreja” (n
. 10).
Francisco
indica as etapas principais do Jubileu. A abertura coincide com os 50 anos da
conclusão do Concílio Vaticano II: “A Igreja sente a necessidade de manter vivo
este evento. Para ela, iniciava um novo período de sua história. Os padres
reunidos em Concílio haviam percebido intensamente, como um verdadeiro sobro do
Espírito, a exigência de falar de Deus aos homens de seu tempo de um modo mais
compreensível. Derrubadas as muralhas que por muito tempo haviam isolado a
Igreja em uma cidadela privilegiada, havia chegado o tempo de anunciar o
Evangelho de um modo novo” (n. 4). A conclusão terá lugar na Solenidade
litúrgica de Jesus Cristo Rei do Universo, em 20 de novembro de 2016. Neste
dia, fechando a Porta Santa, teremos antes de tudo, sentimentos de gratidão e
apreço à Santíssima Trindade por haver-nos concedido um tempo extraordinário de
graça. Encomendaremos a vida da Igreja, da humanidade inteira e o imenso cosmos
ao Senhorio de Cristo, esperando que difunda sua misericórdia como o orvalho da
manhã para uma história fecunda, que ainda será construída com o compromisso de
todos num futuro próximo.
Uma
particularidade deste Ano Santo é que não será celebrado só em Roma, mas em
todas as dioceses do mundo. A Porta Santa será aberta pelo Papa na Basílica de
São Pedro em 8 de dezembro e no domingo seguinte em todas as Igrejas do mundo.
Outra novidade é que o Papa dará a oportunidade de abrir a Porta Santa também
em todos os Santuários, destino de muitos peregrinos.
O
Papa Francisco recorda o ensinamento de São João XXIII que fala da “medicina da
Misericórdia” e Paulo VI que identificou a espiritualidade do Vaticano II como
a do Bom Samaritano. A Bula também explica alguns aspectos importantes do
Jubileu: o primeiro é o lema “Misericordiosos como o Pai”, a continuação do sentido
da peregrinação e sobretudo a necessidade do perdão. O tema particular que
interessa ao Papa se encontra no número 15: as obras de misericórdia
espirituais e corporais devem redescobrir-se “para despertar nossa consciência,
muitas vezes adormecida frente ao drama da pobreza, e para entrar ainda mais no
coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia
divina”. Outra indicação faz relação com a Quaresma com o envio dos
“Missionários da Misericórdia” (n. 18). Nova e original iniciativa, com a qual
o Papa quer ressaltar de forma mais concreta seu cuidado pastoral. O Papa trata
nos números 20 e 21 o tema da relação entre justiça e misericórdia,
demonstrando que não se detém a uma visão legalista, mas aponta a um caminho
que desemboca no amor misericordioso.
O
número 19 é um firme lamento contra o crime organizado e contra as pessoas
“promotoras ou cúmplices” da corrupção. São palavras muito fortes com as quais
o Papa denuncia esta “chaga apodrecida” e insiste para que neste Ano Santo haja
uma verdadeira conversão: “Este é o tempo oportuno para mudar de vida! Este é o
tempo para deixar tocar o coração. Diante de tantos crimes cometidos, escuta o
choro de todas as pessoas depredadas por vocês na vida, na família, nos afetos
e na dignidade. Seguir como estais é só fonte de arrogância, de ilusão e de
tristeza. A verdadeira vida é algo bem distinto do que agora pensais. O Papa os
estende a mão. Está disposto a ouvi-los. Basta somente que acolhais o apelo à
conversão e vos submetais à justiça enquanto a Igreja vos oferece misericórdia”
(n. 19).
A
referência à Indulgência como tema tradicional do Jubileu se expressa no número
22. Um último aspecto original é o da misericórdia como tema comum entre os
Judeus e Muçulmanos: “Este ano Jubilar vivido na misericórdia pode favorecer o
encontro com estas religiões e com as outras nobres tradições religiosas; nos
faça mais abertos ao diálogo para conhecê-las e compreendê-las melhor; elimine
toda forma de impasse e desprezo, e leve qualquer forma de violência e de
discriminação” (n. 23).
O
desejo do Papa Francisco é que este Ano, vivido também no compartilhamento da
misericórdia de Deus, possa converter-se em uma oportunidade para “viver no dia
a dia a misericórdia que desde sempre o Pai dispensa a nós. Neste Jubileu,
deixemo-nos surpreender por Deus. Ele nunca se cansa de abrir a porta de Seu
coração para repetir que nos ama e quer compartilhar conosco a sua vida… […]
Que este Ano Jubilar da Igreja se converta em eco da Palavra de Deus que ressoa
forte e decidida com palavra e gesto de perdão, de suporte, de ajuda, de amor.
Nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente em confortar e
perdoar. A Igreja se faça voz de cada homem e mulher e repita com confiança e
sem descanso: ‘Lembra-te, Senhor, de tua misericórdia e de teu amor; que são
eternos.’”